Nesse encontro, uma discussão bem interessante e atual sobre as possibilidades de se reduzir a velocidade nas relações humanas em vários sentidos, e mais especialmente no consumo de conteúdo audiovisual no mercado brasileiro.
Antes de tudo, é preciso reconhecer e ressaltar que o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e isso se reflete diretamente na “pressa” que temos em pesquisar, selecionar e consumir, seja qual for a tela escolhida.
Sobre novos formatos, foi pontuado a questão da busca, quase sempre de forma ilusória, por simples substituição, ou seja, a ideia de que, se a onda é o Tik Tok e seus 15 segundos, ele deve “substituir” o que veio antes, e vai ser substituído pela próxima “moda.”
E na verdade, mais importante do que o formato em sí, é a relação do meio e da duração do conteúdo com o interesse do consumidor, ou seja, na medida que a pessoa tenha mais interesse e intimidade com determinado assunto, provavelmente vai dispensar mais tempo e atenção para conteúdos correlatos.
Também foi colocado a reflexão sobre a participação de todos nesse processo. De certa forma, hoje todo mundo é produtor e consumidor de conteúdo. E se a gente focar em produzir conteúdo rápido achando que “ninguém quer perder tempo”, provavelmente vai alimentar um círculo vicioso, e assim gerar mais conteúdos rápidos. Ao contrário, se a gente se permitir ter tempo para buscar os gatilhos emocionais do consumidor, a chance de conexão e envolvimento é muito maior, e por consequência, vai aumentar a efetividade da mensagem.
E por último, um case da campanha da agência DPZ para a linha de sabores especiais de Nescafé. O início do processo foi a questão do comportamento do consumidor em relação a esse tipo de produto: o fato de se dar tempo para “curtir” a experiência do café, fator que já acontecia com outras categorias, como vinho, whiskey e cervejas artesanais.
O resultado do trabalho foi a produção de 3 filmes sobre o tempo, abordando os processos ligados ao café, do plantio ao preparo da bebida. Mas a equipe sentia que ainda faltava uma peça mais marcante e memorável. E assim surgiu a ideia de um vídeo mais longo, mostrando o processo de uma pessoa passando café (sem cortes), e com a música do Lenine, “Paciência.” Confira alguns trechos dessa palestra e o filme exemplo, abaixo.
Slow content, porque é hora de desacelerar. Com Caio Franchi (executive creative director – Google), Fabio Mozeli (diretor executivo de criação – DPZ), Fernanda Grams (diretora de conteúdo / estratégia – Africa), Luciana Bazanella (co-founder – White Rabbit). Mediador Karan Novas (jornalista).