Um pouco sobre a mesa Trabalho escravo contemporâneo e a responsabilidade das marcas. Com Frei Xavier Plassat (coordenador – Campanha nacional de combate ao trabalho escravo – Comissão Pastoral da Terra), Leonardo Sakamoto (jornalista / cientista político / professor – PUC-SP / diretor – ONG Repórter Brasil / colunista – UOL), Lys Sobral Cardoso (procuradora do Trabalho / ex-coordenadora Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas / Ministério Público do Trabalho). Mediadora: Juliana Gonçalves (jornalista).
Uma mesa que discute a difícil questão do trabalho escravo no Brasil, e como essa realidade influencia nossos valores e nossas relações. O evento inicia com a fala do Frei Xavier Plassat, mostrando casos de trabalho escravo dos últimos 30 anos, que tem uma óbvia ligação direta com nossa formação escravagista de séculos.
A chamada escravidão moderna não tem as características do passado, onde as pessoas eram acorrentadas, mas sim uma condição de relação trabalhista onde o contratante estabelece “dívidas” ao oferecer moradia, alimentação, roupas e equipamentos que jamais poderão ser pagas pelos trabalhadores.
Dando continuidade, a Procuradora Lys Sobral Cardoso explica com mais detalhamento as piores formas de trabalho escravo contemporâneo, e revela os motivos que levaram o Brasil a ser um dos principais focos dessa realidade no mundo.
E explica como as marcas e a indústria da comunicação podem colaborar para essa causa e como as empresas devem cumprir suas obrigações sociais em busca de trabalho digno, envolvendo toda a cadeia de produção. E que toda sociedade tem a obrigação de ficar atenta e denunciar para os órgãos governamentais de controle e ajuda.
Passando a palavra para o jornalista Leonardo Sakamoto, ele faz uma introdução sobre seu trabalho de anos acompanhando o tema do trabalho escravo na atualidade, colocando alguns “dedos na ferida”, apontando as falhas na responsabilização do problema, em especial pelas empresas, onde muitas levam em conta a “lista suja” e evitam participar e outras que não se importam e até se aproveitam dos evidentes custos menores na cadeia de produção.
E também pelos políticos, com lobbies no congresso, como a bancada ruralista, que usa sua forte influência no sentido contrário, e também das pessoas, que podem exercer com mais atenção sua vigilância sobre produtos e marcas que ainda participam do problema. Ótima mesa com participantes muito produtivos. Alguns trechos abaixo.